sábado, 28 de abril de 2007

SOBRE TODAS AS COISAS

É bonito quando se vê a felicidade em coisas mínimas. Mesmo tendo um trabalho enorme pra fazer, acordar cedo todos os dias, fazer milhões de coisas, andar de ônibus sempre e morando longe como moro, é quando chega o sábado que eu vejo a importância disso tudo na minha vida. A rotina transforma coisas que normalmente seriam casuais, uma saída entre amigos, em coisas muito significantes. Não é só sair, chegar, comer e ir embora. É sair, chegar, conversar, brincar, comer, encher (a barriga e o saco alheio) e voltar. Na volta rir, brincar, rir de novo, chorar de rir e perceber que uma situação daquelas só acontece uma vez a cada dez anos.

Nisso eu vejo o quanto precisava de amigos novos, porque os velhos (alguns) já só me traziam mágoas. Com os novos as mágoas passaram e eu descobri que guardava tudo pra mim porque não tinha outra fonte pra substituir o carinho das pessoas que, de certa forma, foram embora da minha vida. Então agora eu posso dizer com plena certeza que tudo passa, e o que vale é aproveitar. Acontece que cair na real antes de acontecer, comigo, não funciona. Aproveito o máximo, amo, brinco, quero viver aqui pra sempre. Mas as pessoas têm suas vidas, elas têm que seguir. Eu mesma tenho planos, que se derem certo, terei de largar tudo, inclusive as amizades. Mas eu continuo insistindo que a amizade em mim não é volátil. Eu posso passar anos sem ver algum amigo, mas sou capaz de recebê-lo com o mesmo abraço caloroso de anos antes. É tudo uma questão de sentimentos. Nas outras pessoas eles costumam mudar, em mim não. Não sei dizer se chega a ser bom ou ruim. Mas o que quero, de novo, é que isso não acabe, e se tiver de acabar, que demore muito, ainda.

Pela primeira vez na vida estou tendo uma sensação de solidificação. Talvez ela seja enganosa, mas enquanto ela existir em mim, aproveitarei. E que ninguém ouse desfazer isso.