quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Uma saga chamada jornalismo (2)

(...)

Volto, no calor de 50ºC inerente a esta cidade o ano inteiro, quase dormindo ao volante, pro tal do HGV (quem conhece sabe o que se vê por lá). O Hospital será um dos maiores beneficiados quando essa remoção acontecer, porque eles não têm autonomia de porra nenhuma pra mandar a galera vazar de lá. Gente, eu entendo que aquele é o pão deles, a sobrevivência mesmo. Mas à medida em que eles passam a vender comidas *sem nenhum tipo de proteção e conservação* na porta de um hospital público (não seria menos seboso se fosse de um privado, é que no público o movimento é maior), eles colocam em risco tanto a vida das pessoas que compram pra comer lá, como a dos pacientes, porque os restos de comida caem ali por perto e propiciam a proliferação de insetos, ratos, etc.

OK. Já falei por demais das particularidades da matéria. Fui lá, falei com a mulher e let's go, baby! Vai pra casa fazer a matéria, certo? Não mesmo. E os camelôs? E o lado deles? E o presidente da ASSOCIAÇÃO dos Ambulantes de Teresina? Ele sim, estava por dentro das coisas. Tem curso superior, e tira o dinheiro da outra faculdade da vendinha que tem ao lado do hospital.

Os camelôs, já vacinados com a imprensa, quase me expulsam de lá a chutes. Quando eu falava que era repórter do Meio Norte, vixe... lá se ia todo mundo me virando as costas. Consegui umas 2 pessoas que aceitaram dar declarações desde que tivessem os nomes omitidos e fui atrás do belo presidente da Associação.

Alooowww... fazer tudo num dia só não combina com sua alma de Maria do Bairro, bem! Ele só volta amanhã, viu? Beijosnãoligapqportelefoneéfeio.Voltadepois,tá?

De lá tinha que ir pra UFPI entregar outra matéria pro nosso jornal laboratório. Fui, entreguei, assisti aula e, por fim, fui buscar o papai. Cheguei em casa pra lá das 22h, morta, cansada, fedida, um saco! Tomei banho, jantei, e dormi, certo?

Erraaaado. E que horas eu escreveria a matéria? Esqueci de dizer ali em cima que era pra entregar até meio dia do dia seguinte. Fui fazer tudo de modo que deixasse espaço só pra fala do tal presidente e de um freqüentador do hospital. Sim, porque o HGV não tem pacientes, tem freqüentadores. Assíduos, diga-se de passagem. Dormi às 03:30h.

Acordei às 6h do dia seguinte só o pau da placa, tomei café, sorridente, alegre e saí com meu pai. Passei no HGV, falei com a freqüentadora (há mais de 10 anos =O ), com o presidente e, quando já eram umas 10:30 corri pra casa da Maria Clara, que mora ao lado do Jornal. Corri contra o tempo, escrevi, escrevi, digitei, digitei e, faltando 5 min. pro meio-dia lá estava eu com as 2 folhas de xamex branquinhas, com letrinhas incrivelmente pretas, o número exato de linhas pedido na pauta e com todas as falas possíveis do mundo inteiro.

Fui embora, cara. Eu precisava de um descanso pra minha vida. Descansei um pouco em casa e mais tarde fui deixar o carro pro papai.

Quando eu entro na repartição onde ele trabalha, Flávio liga querendo saber se tinha dado tudo certo. “Que deu, deu! Só não sei se fui aprovada”, foi a frase usada. Desligo o telefone e vou pegar o ônibus pra ir pra casa do Rafael me encontrar com o Ennio. O ônibus passa e, 2 min. depois que eu entro, o tel toca novamente.

- Alô! É a Natália?
- Sim, pode falar.
- Oi, Natália! Aqui é o fulanodetal do Jornal MN. Nós gostamos bastante da sua abordagem do tema e gostaríamos de saber se você tem disponibilidade para o turno da...

TCHANRAN!

... tarde!

Nesse momento, encarna em mim o espírito Oasis e eu começo a cantar... lalala Panic is on the waaayyy!!!

Juro como a vontade de desistir dessa profissão só passou quando eu cheguei na casa do Rafael e ele falou:

- E aí?
- Passei! Mas não posso assumir, é pro turno da tarde. (Cara de desolação)
- Nat, tu é tão boa! (Acompanhado de um abraço)

FIM!

Pra quem chegou até aqui, dou como prêmio minha segunda matéria pro AZ. Enjoy it! =D