terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O ato inoportuno que vale para toda uma vida

Aquela fumaça foi se infiltrando em cada brecha do escudo de madeira podre, tão calejada dos invernos e verões da vida dela. A Preta sorveu cada mm da extensão daquela fumaça densa e viu que fazia bem. As respostas vieram por cada poro da pele morena bronzeada, fruto de tanta exposição solar a que se prega aos verões. A pele, a alma, o coração respondiam verdadeiramente, apesar das reservas. Respondiam bem, não estavam intoxicados. Pelo contrário, a fumaça veio pra limpar. Porém, sem bem entender o que acontecia, a Preta via o fluido esvair-se, como toda boa fumaça, em doses cavalares da mais pura dispersão fumacê. O escudo podre? Talvez tenha terminado de apodrecer com as últimas chuvas fora de época, pois já não se encontrava na mesma posição. Nem pra oferecer a mínima resistência que fosse àquela dispersão maligna à qual a Preta tanto temia. O resultado, já se sabe... Burra e tola Preta, volte já a ser invisível! De preferência ao som de Dança da Solidão na voz de Marisa Monte, que você não deve fazer a mínima idéia de quem seja. Algumas pessoas são assim como a Preta. Completamente desprovidas de tamanha erudição.